10/01/2013

Carteira Aleatória - definição do método



A Carteira Aleatória, como o próprio nome sugere, será formada por um conjunto de ações escolhidas aleatoriamente. 

Este estudo empírico tem como objetivo questionar a eficácia das escolhas feitas pelos "especialistas de mercado" que selecionam ações para fazer parte de uma carteira teórica das instituições.

Como pode ser visto a discussão dos posts anteriores, em teoria o mercado seria totalmente aleatório por sofrer tanto influencias internas como externas e o acaso pode ocorrer muito mais frequentemente do que imaginamos.

Afirmo que este estudo será apenas científico e não deve ser utilizado para suas decisões de investimento.

Alguns critérios devem ser adotados para que esta escolha seja coerente com as carteiras recomendadas pelas corretoras, então vamos numerar cada tópico:


1 - Qual será o método adotado para formar a Carteira Aleatória?

O método escolhido não poderia ser mais aleatório, a carteira será formada através de sorteio.


2 - Quais ações escolher?

Só poderão fazer parte da Carteira Aleatória as ações que compõem a carteira do índice Bovespa. A relação com estas ações pode ser encontrada neste link no site da BM&FBovespa.


3 - Quantidade de ações?

Encontrei no site da Exame, 22 carteiras recomendadas pelas corretoras para este mês de Janeiro de 2013 como pode ser conferido neste link. A quantidade de ações escolhidas por cada instituição apresenta uma variação entre 5 e 15 ações. Considerando que a maioria escolheu entre 8 e 12 ações em suas carteiras, vou considerar que o número ideal para a nossa Carteira Aleatória será de 10 ações.  


4 - Qual será o Benchmark?

Como a maioria das carteiras de mercado, nosso Benchmark será bater o Índice Bovespa com base no período de 1 ano.


5 - Qual será a participação de cada ação na Carteira Aleatória?

Como serão 10 ações participantes, nada mais justo do que destinar 10% para cada uma.


6 - Será feito algum rebalanceamento?

Observei que a maioria das corretoras faz um rebalanceamento semanal ou mensal trocando em média de 20% a 30% das ações, para tentar simular uma carteira real eu também vou fazer o mesmo procedimento, entretanto, com algumas observações:

6.1 - O balanceamento da Carteira Aleatória será mensal;

6.2 - Sempre no último dia do mês eu farei um sorteio de 3 ações para sair da Carteira Aleatória;

6.3 - Também será feito um sorteio de 3 ações para entrar na carteira. Deste sorteio participarão todas as ações do índice, inclusive as que já fazem parte da carteira e também as que foram sorteadas para deixar a Carteira Aleatória;

6.4 - Caso seja sorteada alguma ação que já faz parte da carteira, ela entrará com mais 10% de participação e o total de ações passará a ser 9.

6.5 - Se uma ação que possui 20% ou mais de participação na carteira for sorteada para sair, a parte que deixará a carteira será de apenas 10% do total desta ação na carteira. 


Será que restou alguma outra dúvida?

Caso novos questionamentos ou pontos que precisem de esclarecimento quanto ao método utilizado na Carteira Aleatória, vou acrescentar conforme apareçam.





09/01/2013

A aleatoriedade das carteiras de ações




No post anterior coloquei em discussão como o mercado não apresenta uma lógica aparente e pode ser completamente aleatório. 

Antes de iniciarmos o nosso estudo empírico com a Carteira Aleatória, gostaria de explorar um pouco mais a lógica utilizada por analistas de mercado para seleção de carteiras.

A questão do post anterior era:

Existe lógica por trás dos inúmeros estudos feitos para seleção de uma carteira de ações?

A resposta não é tão simples, assim como o mercado não é simples de ser compreendido. Como avaliar algo que se mostra aleatório por sofrer as mais variadas influências?

A simples influência de um modelo vencedor atuando no mercado acarretam mudanças que fazem com que este modelo fique obsoleto e inicie um período de perdas com o decorrer do tempo.

Mesmo assim os "especialistas de mercado" colocam todo o seu conhecimento em prática e trazem à público uma seleção com o que há de melhor para o momento.

Os métodos utilizados são os mais variados possíveis como análise do cenário macro-econômico, análise de balanço, cálculo diferencial, física quântica, geometria, astrologia, movimento das marés, dentre outros métodos e fórmulas extremamente elaboradas que um simples mortal poderia observar e dizer: "Veja a complexidade desse sistema, isso não tem como dar errado."


O grande problema disso tudo está na autoria dos sucessos e fracassos. Os sucessos, por serem raros, sempre serão atribuídos aos excelentes "especialistas" que formularam um modelo "altamente eficiente" e com certeza será enaltecido na próxima campanha promocional feita pelas corretoras e fundos de investimento, entretanto, o fracasso das carteiras sempre será atribuído a aleatoriedade dos acontecimentos que seriam imprevisíveis naquela época.

O mais impressionante é que as carteiras fracassadas (neste caso entenda carteira fracassada como todas as carteiras que não atingiram o Benchmark), mesmo acontecendo com uma frequência muito maior do que as de sucesso, serão enterradas no esquecimento. Tome como base as previsões feitas pela mãe Dináh, se recapitularmos todas as previsões feitas, menos de 10% foram acertadas e mesmo assim com um tom generalista.

Voltando ao foco principal deste site que é a nossa Carteira Aleatória, no próximo post vou colocar os parâmetros que utilizaremos para determinar a carteira e sua manutenção durante o período de estudo.



08/01/2013

A lógica por trás de uma carteira de ações


Após deixar a mesma pergunta no final dos dois primeiros posts, vou tentar expor algo bastante controverso que talvez ajude a respondê-la.

Primeiro a pergunta:

Você acredita que uma carteira de ações escolhida aleatoriamente pode ser mais lucrativa do que carteiras montadas criteriosamente por "especialistas de mercado"?

Bom... a primeira vista a resposta mais óbvia seria um alto e sonoro "CLARO QUE NÃO, que pergunta idiota! Você acha que os caras ganham milhões pra fazer o trabalho que um macaco faria? "

Realmente esta seria uma resposta bastante comum, entretanto, um renomado escritor chamado Nassim Nicholas Taleb expõe em seu livro "A Lógica do Cisne Negro" uma teoria de que os especialistas de profissões que se "movem", ou seja, profissões que lidam com o futuro e baseiam seus estudos no passado não-repetível apresentam um grave problema com previsibilidade.

Apenas para ilustrar a diferença entre os tipos de profissões ele cita algumas profissões que realmente os especialistas são especialistas como: avaliadores de gado, astrônomos, pilotos de prova, avaliadores de solo, mestres enxadristas, físicos, contadores, médicos cirurgiões, inspetores de grãos, etc. Se analisarmos, os especialistas destas áreas realmente devem ser confiáveis, afinal você deixaria um motorista de taxi fazer uma cirurgia em seu cérebro? 


Já para corretores de ações, economistas (olha nosso amigo aí ao lado com suas previsões magníficas), selecionadores de pessoal, psiquiatras, juízes de direito, analistas de agências de inteligência, especialistas em risco, cientistas políticos, dentre outras, são mais suscetíveis a erros de previsibilidade, portanto, são especialistas que tendem a ser não especialistas.

Em trecho do mesmo livro, Nassim Taleb cita um estudo feito por Jean Philippe Bouchaud que após avaliar 2 mil previsões (recomendações) de analistas de corretoras ele chegou à conclusão de que analistas de corretoras não previam nada. Os resultados obtidos por analistas renomados e experientes eram piores do que os de iniciantes que não possuíam nem de longe as informações dos experientes.

Taleb ainda complementa: 
"Isso não é culpa dos especialistas, pois nós humanos somos vítimas de uma assimetria na percepção de eventos aleatórios e infelizmente o mercado é aleatório.
Acabamos atribuindo nossos sucessos a nossas habilidades e nossos fracassos a eventos externos fora de nosso controle, ou seja, à aleatoriedade."

Era neste ponto que eu queria chegar... 

Se os erros são atribuídos à aleatoriedade e o mercado é aleatório, então a culpa é sempre do mercado e nunca dos analistas.

"...Somos responsáveis pelas coisas boas, mas não pelas ruins  Isso faz com que pensemos que somos melhores que os outros no que quer que façamos para ganhar a vida."

Taleb também cita que economistas e analistas de carteira de modo geral, não apresentam nenhuma prova convincente de que possuam a capacidade de prever, e caso tenham alguma capacidade, suas previsões são, na melhor das hipóteses apenas levemente melhores do que previsões aleatórias.

Agora sim estamos chegando onde eu quero.

Existe lógica por trás dos inúmeros estudos feitos para seleção de uma carteira de ações?

Que tal simularmos uma carteira de ações escolhida completamente de forma aleatória e comparar com carteiras de instituições renomadas?

Este será nosso desafio daqui por diante. No próximo post vamos detalhar as regras de como fazer com que nossa Carteira Aleatória se torne a próxima sensação do mercado acionário brasileiro.



07/01/2013

Caos no mercado de ações



No post anterior vimos que não há provas de que exista um padrão exato no mercado de ações. Isso me leva a pensar que há um caos instalado no mercado. 

Apenas para entender o que significa Caos, abaixo cito um trecho da "Teoria do Caos" encontrado na Wikipédia: 


"Em sistemas dinâmicos complexos, determinados resultados podem ser "instáveis" no que diz respeito à evolução temporal como função de seus parâmetros e variáveis. Isso significa que certos resultados determinados são causados pela ação e a iteração de elementos de forma praticamente aleatória...Além disso, mesmo que o número de fatores influenciando um determinado resultado seja pequeno, ainda assim a ocorrência do resultado esperado pode ser instável, desde que o sistema seja não-linear."


Acredito que todos concordam que o mercado de ações é um sistema dinâmico complexo onde a ação e a interação de elementos internos e externos geram um ambiente completamente aleatório, correto?

Isso nos leva a afirmação: O mercado mostra-se um caos permanente!

Principalmente para aquele seu amigo chato que se gabava por aplicar seus recursos em ações de ponta e perdeu 70% do capital na última crise que o fez desistir de vez deste tipo de investimento "extremamente arriscado".

As interferências internas acontecem a cada segundo nos interesses discrepantes de cada participante que faz um único negócio. Quanto à interferências externas, podemos pensar nas consequências geradas a partir do 11 de setembro de 2001. Como os gestores poderiam imaginar tal acontecimento? De um dia para o outro carteiras e fundos badalados passaram a apresentar grandes prejuízos. Acontecimentos inesperados ocorrem com mais frequência do que podemos imaginar e isso é parte do caos no mercado de ações.

Volto a fazer a pergunta final do post anterior:

Você acredita que uma carteira de ações escolhida aleatoriamente pode ser mais lucrativa do que carteiras montadas criteriosamente por "especialistas de mercado"?



06/01/2013

O mercado de ações, os especialistas e as carteiras



Há muito tempo me pergunto se as análises feitas por gestores de fundos e analistas de corretoras para acrescentar uma determinada ação no portfólio ou na carteira recomendada das instituições financeiras são realmente eficazes.
Já ouvi muito boato de que as carteiras recomendadas são apenas o chamariz para investidores inexperientes que precisam de uma "confirmação profissional" na sua decisão de aplicar seus recursos em determinado ativo, mas que na verdade são estratégias para os grandes "Tubarões" do mercado desovarem suas posições.

Para tentar responder estas falácias do mercado, deixo a primeira pergunta:

O mercado de ações é aleatório?

Primeiramente precisamos entender como o mercado de ações funciona, entretanto, o termo "entender o mercado" por si só já é um indicativo da resposta. Se alguém conseguir entender como o mercado funciona e formular um modelo que acerte 100% das vezes, então em teoria o mercado seguiria um padrão e não seria aleatório. Alguém aí tem um modelo operacional que acerte 100% das vezes?
Eu nunca encontrei ninguém que conseguisse tal sistema no mercado de ações, entretanto, se este sistema realmente existir seria a chamada "galinha dos ovos de ouro" ou o "Santo Graal" dos investimentos. Será que o detentor de tal sistema estaria disposto a compartilha-lo com os pobres mortais?
Com estas informações voltamos ao ponto inicial, pois da mesma forma que o mercado se mostra aleatório pela inexistência de provas de um padrão no mercado, se este padrão existir, seria pouco provável que ele seria divulgado, portanto, até que seja provado o contrário, vamos considerar que o mercado está aleatório.

Como achar a ordem em meio ao caos?

O segundo questionamento refere-se aos resultados obtidos pelos gestores de fundos e carteiras de instituições. A maioria destes fundos e carteiras não consegue resultados superiores ao IBOVESPA e os que superam o índice da nossa bolsa, não conseguem se manter consistentes nos períodos subsequentes apresentando resultados abaixo do que poderíamos esperar de "especialistas" muito bem pagos para avaliar a economia e as empresas que fazem parte de seus portfólios.

Para terminar este primeiro e polêmico post, deixo a pergunta:

Você acredita que uma carteira de ações escolhida aleatoriamente pode ser mais lucrativa do que carteiras montadas criteriosamente por "especialistas de mercado"?